A música está demasiado alta, mas quero que ensurdeça os pensamentos. O telefone toca, mas não me apetece atender. Como fiquei assim? Estou a precisar de férias, simplesmente. De férias e de sol. Apetece-me pegar nas minhas poupanças e atirar os melhores livros que tenho para dentro de uma mochila e viajar pelo mundo. Quero fazê-lo antes de ser demasiado tarde. Não quero pensar no futuro nas coisas que não fiz. Tudo tem o seu tempo e não pode ser perdido.
O sol demora a aparecer, a neve parece que quer ficar na cidade por mais uns tempos embora já não seja benvida pela maior parte de nós. As mãos estão vermelhas e geladas, o gorro e o capucho protegem as orelhas do frio e dos flocos e os pés ensopados...Fui mesmo assim cortar o cabelo porque precisava que me tirassem um peso de cima - cortaram-no muito curto, mas em vez de sentir a constante vontade de me olhar no espelho e fazê-lo parecer mais bonito, contentei-me. Não importa a figura.
A música continua alta, e já estou solta o suficiente para abanar a cabeça e o pouco cabelo que tenho...vá, nãoestá tão curto. Um amigo diria que voltei a ser a Heidi.
O Miguel está na cozinha a fazer um jantar. No meio das entrevistas para arranjar o quarto membro para o apartamento, o português foi o melhor achado. Não por cozinhar bem e ser creativo, mas porque é uma pessoa especial. Filmei-o com a minha câmara para que possamos ver as imagens daqui a uns anos e lembrarmo-nos do que ele é agora. Temos boas conversas sem motivo, sempre, mas ultimamente ouço mais as histórias que ele me conta e percebo muito bem quando ele tenta explicar coisas pouco claras. Não tenho muito para dizer, mas ouço com prazer.
Volta sol, que a gente gosta de tiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii :)
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