sexta-feira, 18 de janeiro de 2008



A moeda caída que gira no chão.

O sapato desconfortável cuja teimosia foi derrotada por ela, depois de uma semana de uso constante. Agora experimenta-o com gosto e um sorriso largo de quem não se deixa vencer.

O prato vazio, o garfo sujo. O esquecimento do que foi antes disso. Talvez nada, talvez outra vida de manjares e vozes. De conversas à sombra, na berma do sol quente. Do céu estrelado, em brisa calma que nos abraça.

E eu sentada. Queria fugir, como antes, mas estou à espera. Estou à espera que repare que cresci, que sou nova, e que ainda estou cá. Que já não sou a menina impaciente de outros tempos, de quem queria tudo perfeito ou nada, e se era nada, desejava aos ventos que a levassem para longe, num dia de ocaso cintilante. Deixaria-se voar de braços abertos, só ao som da brisa, sem esperanças de retorno, sem memórias de tempos de embaraço porque não teve o que quis.

Agora sabe esperar, sabe que as coisas não são perfeitas e prefere o caminho difícil - diz que assim sabe muito melhor. É mais feliz agora, mas receia que o vento já não a leve. Já foi tempo de o ser assim, agora é crescida. Arranjará outras curas para as dores de ilusão.



domingo, 13 de janeiro de 2008